A técnica da Comunicação Não-violenta desenvolvida pelo americano Marshall Rosenberg tem por finalidade instrumentalizar o indivíduo para se comunicar de maneira mais assertiva. Seu ponto de partida para desenvolver referida técnica, consistiu em responder a duas perguntas: o que acontece, em situações críticas, que nos desliga de nossa natureza compassiva, levando-nos as nos comportar de maneira violenta e baseada na exploração das outras pessoas? E, inversamente, o que permite que algumas pessoas permaneçam ligadas à sua natureza compassiva mesmo nas circunstâncias mais penosas?
O autor acaba estabelecendo o papel determinante da linguagem (não necessariamente oral) e como as palavras são utilizadas, e identifica uma abordagem específica de comunicação que se baseia num falar e ouvir, de forma que estejamos conectados ao outro e possibilitando que, o chamado estado compassivo natural se manifeste e nos comuniquemos de uma maneira mais assertiva.
Mas o que é ser mais assertivo? Nesta perspectiva é basicamente utilizar o conflito de maneira positiva, como uma forma de afirmar uma posição, renunciando à hostilidade. O conflito passa a ser construído com base no respeito mútuo e na aceitação de que, assim como nossa posição é legítima, a da parte contrária também o é.
Mas para usar o conflito de maneira positiva é necessário conhecer nossa própria posição. É quase uma regra, num modelo adversarial, que as pessoas briguem pelas estratégias. As mágoas, ressentimentos e toda a sorte de sentimentos que nos levam ao sensação de vitimização apontam para o que o outro fez. A causa passa a estar sempre no externo. Não raro, em determinados momentos do conflito as pessoas esquecem o porquê de estarem se degladiando. Lutam por uma estratégia que normalmente tem por objetivo prejudicar a parte contrária. É o momento em que, quando perguntamos: "O que você precisa? O que de fato é importante para você?"- a pessoa emudece, e percebe que não tem mais claro o que quer.
A sua técnica tem por objetivo que a pessoas possam se conectar através de uma forma de comunicação que estimule este estado compassivo, traduzindo uma forma honesta e clara de expressão, resultando numa atenção respeitosa e empática pelo outro.
A técnica é composta por quatro etapas: observação, sentimento, necessidade e pedido, as quais eu abordarei nos próximos posts. Muitos entendem que uma técnica é algo artificial e que engessaria a expressão pessoal. Contudo, a técnica dá uma forma que pode ser preenchida da maneira que for mais conveniente para a pessoa. Ao contrário, a técnica visa dar mais liberdade à medida que o indivíduo se apropria de uma forma de expressão mais clara e precisa, facilitando ser compreendido pelo seu interlocutor. A técnica é simplesmente uma ferramenta a ser usada conforme a necessidade de cada um.
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