segunda-feira, 18 de abril de 2011

PÁSCOA: UMA JORNADA PESSOAL

Esta semana duas das três maiores religiões monoteístas celebram a páscoa. Cada uma a seu modo, mas ainda assim guardando muitas semelhanças e paralelos, mesmo por que, o que foi a última ceia senão a celebração de Pesach (páscoa judaica)?

Interessante que em inglês Pesach significa atravessar. Num sentido literal podemos identificar naquele contexto histórico, o atravessar como a passagem de um estado de escravidão para a liberdade, a passagem da terra da escravidão para a terra prometida, ou ainda a travessia pelo rio vermelho quando Moisés teria separado as águas.

Num sentido menos literal e mais psicológico, podemos dizer que a Páscoa celebra a nossa possibilidade de atravessar de uma condição para outra, de um estado para outro. Obviamente que isto não ocorre de maneira automática, mas requer trabalho. O povo judeu levou quarenta anos vagando pelo deserto preparando-se para ingressar na terra prometida (lembrando que em hebraico a palavra para Egito é mitzraim que significa estreito). Explica-se que Moisés assim conduziu o povo, pois da escravidão (que física, mental ou espiritualmente remete a um sentido de estreiteza), para a terra prometida havia necessidade de somente se permitir que uma nova geração desse ínicio a uma nação. Assim, ninguém que havia vivido como escravo levaria qualquer réstia desta condição para a terra santa, inclusive Moisés, que a viu mas não a pisou, falecendo na véspera.

Se um povo leva quarenta anos para a travessia de uma condição a outra, quanto tempo levamos para nossa jornada individual? O que nos impede de atravessarmos de um polo ao outro?

Penso que a Páscoa é um convite para que avancemos um pouco mais. Idealmente, podemos nos fazer este convite diariamente. Acredito sinceramente que possuímos todas as ferramentas necessárias para empreender esta passagem: consciência, razão, emoção, percepção, capacidade de observação ( de si e do outro), crítica, sentimento. Mas sobretudo, a possibilidade do encontro, consigo e com o outro. É esta comunhão consigo e com o outro que nos permite a conexão com o transcendente.

Uma boa passagem para todos!

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