Esta semana duas das três maiores religiões monoteístas celebram a páscoa. Cada uma a seu modo, mas ainda assim guardando muitas semelhanças e paralelos, mesmo por que, o que foi a última ceia senão a celebração de Pesach (páscoa judaica)?
Num sentido menos literal e mais psicológico, podemos dizer que a Páscoa celebra a nossa possibilidade de atravessar de uma condição para outra, de um estado para outro. Obviamente que isto não ocorre de maneira automática, mas requer trabalho. O povo judeu levou quarenta anos vagando pelo deserto preparando-se para ingressar na terra prometida (lembrando que em hebraico a palavra para Egito é mitzraim que significa estreito). Explica-se que Moisés assim conduziu o povo, pois da escravidão (que física, mental ou espiritualmente remete a um sentido de estreiteza), para a terra prometida havia necessidade de somente se permitir que uma nova geração desse ínicio a uma nação. Assim, ninguém que havia vivido como escravo levaria qualquer réstia desta condição para a terra santa, inclusive Moisés, que a viu mas não a pisou, falecendo na véspera.
Se um povo leva quarenta anos para a travessia de uma condição a outra, quanto tempo levamos para nossa jornada individual? O que nos impede de atravessarmos de um polo ao outro?
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